III Conferência Diálogos com o Futuro tem palestras com reflexões sobre integridade e gestão pública

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No segundo e último dia da III Conferência Diálogos com o Futuro, promovida pelo Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE-PI) por meio da Escola de Gestão e Controle Conselheiro Alcides Nunes, especialistas internacionais trouxeram reflexões sobre estratégias de enfrentamento à corrupção e práticas eficazes de governança. O evento integra as comemorações dos 126 anos da Corte de Contas.

O professor da Universidade de Salamanca, Nicolás Rodrigues García, abriu as palestras da manhã com o tema “O combate à corrupção na Europa e as tendências para o futuro”. Segundo ele, a corrupção é um problema global, com efeitos transnacionais, que exige respostas articuladas e inovadoras. “Não é um desafio apenas do Brasil, da Argentina ou da União Europeia. É uma questão mundial que precisa ser enfrentada em várias frentes”, afirmou.

Uma das medidas destacadas por Nicolás é o fortalecimento das instituições financeiras, com foco na prevenção e impedimento da movimentação de recursos ilícitos. “De nada adianta ao corrupto ter acesso ao dinheiro se ele não pode usá-lo”, explicou.

O professor também defendeu a ampliação de canais de denúncia e a atuação colaborativa entre os poderes para que as punições de fato ocorram. “É preciso mais do que multas e prisões. Precisamos de uma cultura de bons governos, com ações preventivas e reformas legislativas alinhadas às tradições políticas de cada país”, disse.

Ele citou ainda uma pesquisa recente da União Europeia que mostra a percepção generalizada de que muitos servidores públicos estão envolvidos em práticas corruptas. “Quem afirma isso não sou eu, são os próprios políticos, técnicos e profissionais. Há uma inércia legislativa em muitos países, e falta estrutura política real para o combate à corrupção”, pontuou.

Na sequência, a professora Maria Belén Lozano abordou o tema “Finanças, conformidade e governança”. Para ela, os gestores públicos precisam olhar com atenção para os mecanismos de controle interno, capazes de identificar conflitos e propor soluções eficazes. “É como um tratamento: se tenho catarro, tomo mel e limão; se piorar, tomo antibiótico. O importante é saber qual a dose certa para cada situação”, comparou.

Maria Belén ressaltou que o gestor deve se perguntar constantemente se está inovando e agregando valor. Para isso, é necessário ter estruturas organizacionais claras, com definição precisa de públicos, equipes de auditoria, comitês de responsabilidade social, provedores e colaboradores. “O equilíbrio está em cumprir normas com visão de futuro, sem perder de vista que o presente vale mais que o amanhã”, destacou.

A mediação da palestra foi realizada pela auditora Valéria Leal, diretora executiva da Escola de Gestão e Controle do TCE-PI.

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